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24 de agosto de 2011

A grande ideia de Furdock

PEQUENOS CONTOS Por André de Castro 
Huan Fox Furdock, o Mariachi forasteiro que se escondia em Guadalajara, capital de Jalisco, no México, passou toda a tarde sentado em uma cadeira, na varanda de sua casa. Não era considerado mal por que gostava de jogar carne humana para os urubus. Havia feito coisa pior com os que mataram seus pais em sua frente quando era criança.

O calor do oeste mexia por demais com seus nervos. E só por isso resolveu não realizar suas apresentações musicais naquele dia. Em sua frente havia uma garrafa de whisky 12 anos, um cinzeiro cheio de cigarros e 7 gramas da cocaína mais pura que se poderia adquirir por aquelas bandas.

Na parede da sala de sua casa havia um quadro de Miguel Hidalgo y Costilla. Aos domingos costumava levar sua mulher no “Las Nueve Esquinas”, seu restaurante preferido. Sempre pedia “Birria”; era seu prato favorito. Foi criado em meio aos grupos Mariachi. Se destacou, ganhou muito dinheiro com música. Conhecia quase todos os estados do México; foi viajando por um deles que conheceu a Família Scobar; a mais tradicional família de Querétaro de Arteaga.

Ao desfilar pela rua, sempre com seu violão de cinco cordas e um chapéu negro, botas sempre bem engraxadas, o olhar firme em direção ao horizonte; não deixava de prestar atenção em uma só esquina de qualquer rua. Nada passava despercebido por ele. E só havia um destino para aqueles que cortavam o seu caminho: o caixão. Não atirava; não gostava de barulho, mas era habilidoso com as facas. Poucas vezes usara uma arma de fogo contra um inimigo. Costumava matar com uma lâmina de pouco corte; adorava ver os hostis a suas concepções gritando, em quanto o sangue jorrava. Apesar de sua brutalidade, nunca matou ninguém sem motivos. 

Há dois dias estrangulou um jagunço, o que a mando de seu sogro tentou tirar lhe a vida. A bela Catarina Scobar, a linda morena de olhos claros, pele macia, fala mansa, bustos fartos, e apenas dezessete anos se apaixonou e fugiu com ele para Guadalajara. O sogro, muito poderoso, não deixaria aquilo por menos. Queria a cabeça de Furdock a qualquer custo.

Para Furdock não havia problemas difíceis de se resolver. Fazia o que lhe dava na telha e não se importava nem mesmo com a fome ou a sede. Só duas coisas lhe tiravam do sério; o calor e, nos últimos dias, o sogro. E naquele dia o calor estava acima do normal. O sogro não lhe dava sossego fazia mais de ano, a cada semana tinha que matar um capanga de Rufles Scobar.

No final da tarde, o calor não havia cessado. Furdock cheirou as ultimas duas carreiras da cocaína, tomou mais uma talagada de whisky e acendeu o último dos cigarros. Começou a pensar em uma maneira de acabar com os dois problemas que lhe infligia naquele momento, quando subitamente lhe veio uma idéia, que por sinal ele considerou a melhor idéia que já teve em toda sua vida. Foi quando empunhou a faca que costumava usar contra seus inimigos e se dirigiu rumo a cozinha.

Catarina, a bela, tinha aprendido a cozinhar fazia pouco tempo. Havia percebido que Furdock não estava feliz naquele dia. Então decidiu agrada-lo com uma surpresa para o jantar. Estava a preparar “Brirria”, o prato tão admirado pelo Mariachi. Subitamente a garota sentiu uma pontada em seu pescoço e desmaiou. A faca atravessou a delicada moça. Do desmaio ao óbito foi questão de segundos. Furdock voltou a si e logo em seguida retirou a faca, sem se lamentar. Mirou o lado esquerdo de seu peito e misturou seu sangue ao sangue de sua amada.

Logo seus dois problemas foram resolvidos; não sentiria mais calor, por que estava morto. O pai de Catarina também não o incomodara mais, por que já não estava mais com ela.

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