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22 de agosto de 2011

Julgamento sob pressão

Por André de Castro

Uma jovem voltava da escola em uma rua escura por volta de 22:30h do dia 06 de julho de 2011. Um carro parou próximo a ela e um homem desce sozinho. De costas, a jovem não olhou para ver quem era e apressou o passo. Quando acordou já estava em um quarto, escuro, no qual não fazia idéia de onde era. O homem havia lhe golpeado na cabeça e a colocou vagarosamente no porta-malas. Sem que os vizinhos escutassem o barulho seguiu com ela para o lugar que se encontrava naquele momento. Sua cabeça não sangrava, mas estava doendo. Ficou ali por três dias e três noites até que o homem resolveu solta-la. 

O local era composto por um quarto e um banheiro, sem portas. No quarto só havia a espuma de um colchão, restos de comida que o homem, provavelmente, levava para ela. Na parede do banheiro havia um cano, que media pouco mais de dois centímetros, onde saia água fria. Não havia fios ou chuveiro. Um vaso imundo e em cima da descarga um único rolo de papel higiênico. A garota lembra que passava os dias sozinha. Só sabia que era dia por uma pequena luz que vinha debaixo da porta. Tentou por diversas vezes quebrá-la, não conseguiu, era reforçada. 

No primeiro dia chorou muito, se esperneou, pensou que iria morrer. Depois da primeira noite a virgem garota que há pouco tinha completado 18 anos entendeu o que o homem queria. 

Sentiu muito frio durante os três dias, não havia lençol ou cobertas. O homem não deixara nada que pudesse ser usado pela garota para se suicidar. 

Na segunda noite o homem trouxe comida à observou por uns minutos e se foi. Lembra que ficava atordoada com aquele homem de roupas pretas e máscara olhando pra ela. Tirando a cacetada na cabeça, até terceiro dia o homem não havia encostado um só dedo na bela jovem. E não encostaria até sua partida. O rapaz simplesmente ordenou que vedasse seus olhos e entrasse no carro. A deixou 25Km da cidade. Desesperada, mas sem entender o motivo de ter levado uma paulada na cabeça e ficado três dias trancada em uma tapera, saiu correndo e depois de 30 minutos, na beira da estrada, um casal que voltava da cidade vizinha parou e, vendo o estado da moça, a levaram para casa. 

Quando encontrou seu pai as coisas começaram a se esclarecer. O homem estava cobrando 50 mil reais do humilde velho pelo resgate. Desesperado e sem saber a quem procurar, pois, não conseguiu vender todas as vacas que tinha na pequena fazenda, em menos de três dias para pagar o resgate da filha. A garota já não tinha mais a mãe e somando a pequena propriedade a casa e as poucas vacas, era tudo que o velho tinha. Moravam na cidade e saia todos os dias de madrugada para trabalhar. Quando a filha chegava da escola já havia dormido há muito. Por isso só foi dar falta da filha na tarde do outro dia do seqüestro, quando chegou da fazenda e encontrou a casa como havia largado e um bilhete em baixo da porta. 

Logo depois do resgate pago a polícia começou as investigações. Prenderam um homem que havia se mudado para a cidade há pouco menos de um ano. A garota não sabia dizer com precisão, mas, as características do rapaz eram idênticas ao que a moça descreveu aos policiais. O homem foi rendido e em seguida todos os jornais, rádios e TV’s locais passaram a noticiar o fato. Não conseguiram encontrar o dinheiro. Pressionado e disposto a acabar com tudo aquilo o juiz resolveu condenar o rapaz. No segundo dia de prisão o homem foi morto por desavença com um preso. 

Após dois meses encontraram o seqüestrador e o dinheiro.

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