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20 de agosto de 2012

Balada sangrenta

CRÔNICA Por André de Castro 



Antes de sair de casa passou gel no cabelo, escovou os dentes, olhou para o espelho mais uma vez e se deparou com algo que gostou por demais. Camisa xadrez, sapatenis Oskley, calça Levis e cinto Dior. O gel que se misturaria ao seu sangue dali a poucos minutos dava um ar de limpeza e sustentava os cabelos lisos, em forma de topete. 

O rapaz sonhava em ser cantor de música sertaneja e até levava jeito pra coisa. No banco de trás do carro um violão e na frente à garota de vestido curto e decotado, cabelos loiros, olhos azuis; a namorada que arrumara em pouco menos de dois meses. O garoto irradiava alegria por meio de seu sorriso branco, cumprimentava as pessoas na entrada da casa de shows, acenava para os conhecidos. Avistou um rapaz que o fez mudar o estado de espírito.

Oito segundos depois se ouviu um tiro. O violão caiu ao chão. A multidão se abriu e a garota chorou. O cantor sertanejo teve o mesmo destino do violão; foi de encontro ao solo. Morreu, escafedeu.

Tudo começou quando há dois meses uma garota loira assistia a um show na platéia daquela mesma casa noturna, ao lado do namorado, o mesmo que naquele dia dava o tiro, e gostou do garoto que cantava no palco, o mesmo que naquele momento estava estirado ao chão.

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