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29 de setembro de 2010

Do lado de fora, "excluídos"; dentro, estudantes atentos ao debate

Esta matéria foi publicada em www.opn.ucb.br (25/09/2010 - 20:11)


Por Thamyres Ferreira e André de Castro


Foto: Poliana Nunes
Apesar do clima de expectativa para o debate que acontecia dentro do Campus I da Universidade Católica de Brasília com os quatro principais candidatos à Presidência - Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol) - do lado de fora da UCB, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Católica organizava a manifestação dos “excluídos”

Os integrantes do diretório organizaram o protesto contra os organizadores do debate, que, de acordo com o movimento estudantil, “restringiram” o acesso de estudantes e da comunidade acadêmica ao evento. “O debate é dentro da universidade e a participação dos alunos é muito pequena. Por que as entidades podem ter mais participação do que os próprios alunos? Por que não podemos ter o direito igual de participação no debate?”, questionou Caio Bruno, membro do DCE. Para Caio, todos tinham que ter direitos iguais, desde o estudante até o “tio da lanchonete”. Para ele, o protesto era um ato de democracia contra a organização do evento.

Dentro das críticas do manifesto, estava a desigualdade com que os candidatos de partidos menores são tratados pela mídia ao não serem convidados para sabatinas e debates. Segundo a estudante de Serviço Social Laura Gontijo, “a elite escolhe seus candidatos e exclui os demais partidos”.

Diante disso, o DCE convidou todos os candidatos que não são convidados para as sabatinas (Rui Costa Pimenta, do PCO, Ivan Pinheiro, do PCB, José Maria, do PSTU, Levy Fidelix, do PRTB, e José Maria Emayel, do PSDC), para participar de um debate alternativo. A lei eleitoral só obriga o convite aos candidatos de partidos que tenham representação no Parlamento.

Ausência
Apesar da oportunidade, somente o candidato a vice-presidente do PCO, Edson Dorta, e o representante do PSTU, o candidato a governador do DF, Rodrigo Dantas estiveram presentes. Os outros partidos não compareceram ao local, mesmo tendo confirmado anteriormente. Para completar a mesa, um candidato a deputado distrital do DF pelo PSOL insistiu para participar do debate e os estudantes cederam, apesar de o candidato à presidência do partido, Plínio de Arruda, não estar entre os “excluídos”.

Em pauta, o monopólio dos meios de comunicação - segundo eles, nas mãos dos capitalistas. O trabalho escravo, a reforma agrária e também as propostas dos partidos de cada candidato também foram debatidos.

O carro de som do DCE não pôde ficar na frente da universidade. No improviso, a mesa do debate foi arrumada com mesas de lanchonetes ao redor do campus.

Enquanto o debate alternativo ocorria, pessoas com bandeiras faziam propaganda política e distribuíam panfletos de candidatos. Sem poder entrar na UCB, devido às regras de segurança do evento, assistiram ao debate principal nos quatro telões instalados de frente para o Pistão Sul.

Do lado de dentro
Alguns alunos, descontentes com a impossibilidade de ver o debate dentro do auditório do bloco central, foram para casa assim que as aulas foram suspensas. Segundo Jeane Karaja Ribeiro, 24, o evento foi de exclusão. Ela afirmou estar "revoltada em não poder participar do evento diretamente". Marcos Vinícius, 25, achou uma "palhaçada". Segundo ele a Universidade deve ser um “campo aberto e não fazer eventos fechados, impedindo os estudantes de participarem”.

Se alguns estudantes reclamavam da impossibilidade de ver o debate ao vivo, muitos pareciam não se importar com o evento. O auditório do Bloco K estava praticamente deserto no início do debate. Os dois primeiros espectadores olharam em volta e foram para o Bloco M.

Foi ali onde ocorreu a maior concentração de estudantes. O auditório estava lotado, quase todas as cadeiras estavam ocupadas. Na parte externa, um grande aglomerado de alunos assistia ao debate e comentava. Dilma recebeu uma salma de vaias ao se dizer contra o aborto. Mariana Silva foi aplaudida ao replicá-la sobre o tema.

Os alunos assistiram sentados no chão e nas mesas frente ao bloco. Alguns, preocupados com o horário de ônibus; outros, a comentar as performances dos candidatos e se divertindo com as argumentações de Plínio de Arruda Sampaio.

Na maioria do tempo os alunos ficaram em silêncio, prestando bastante atenção ao que os candidatos falavam. Plínio foi aplaudido quando disse que iria desapropriar todas as universidades do Brasil se eleito, inclusive a Católica.

O ápice de ti-ti-ti e risos ocorreu quando Plínio apontou o dedo para os outros três candidatos e afirmou que o país se encontra do jeito que está "por causa do governo desses aqui ô"..

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